Com o excesso de compromissos e a rotina corrida das pessoas, é cada vez mais comum os cães passarem longos períodos sozinhos em locais fechados, sobretudo em apartamentos.
Só que, assim como nós, eles também precisam de entretenimento para se sentir bem. Mais do que um desconforto, o tédio é um estado emocional perigoso, que pode levar o animal a problemas psicológicos, comportamentais e de saúde.
É normal que os cães sintam falta de seus tutores, mas, às vezes, a carência extrapola e vira a chamada síndrome da ansiedade de separação (SAS), que é um conjunto de comportamentos apresentados por alguns cães e pode acontecer independente do sexo, da raça e da idade.
De um modo geral, a síndrome é um reflexo da dependência extrema dos cães, que ficam desesperados quando se veem sem companhia. Em alguns casos, eles tentam até romper portas e janelas, o que é muito perigoso!
Sintomas da SAS
Os principais sintomas são: comportamento destrutivo, dermatite, choro e latido excessivos, perda de apetite, automutilação, hiperatividade e necessidades fisiológicas fora do local enquanto o tutor está fora. Além disso, a reação do cão quando percebe que o tutor vai sair é exagerada, com pulos, latidos e choro. Esses comportamentos são muito prejudiciais para sua saúde emocional, e também frequentemente geram mal-estar entre vizinhos.
A síndrome de ansiedade de separação pode ser desenvolvida em filhotes retirados prematuramente de suas mães e irmãos e, provavelmente, a síndrome pode ter sido reforçada pelos tutores do cão logo nas primeiras semanas em casa. Outra ocorrência comum observada em cães com a SAS são filhotes descendentes de cães com histórico da síndrome da ansiedade de separação, o que pode significar que haja uma co-relação genética.
Em casos de cães que nasceram em abrigos, também é muito comum o surgimento dessa síndrome devido ao fato de terem sofrido algum tipo de abuso na infância, rejeição materna precoce, falta de estímulo e socialização do filhote e má saúde materna. Os cães mais velhos com síndrome da ansiedade de separação podem ter problemas em mudar para uma casa nova, problemas em aceitar outros animais de estimação, crianças, bebês e situações novas em geral.
Como tratar a SAS?
Para o tratamento adequado, o veterinário deve ser consultado e, logo após confirmada que a síndrome não tem origem patológica, o trabalho de recondicionamento comportamental pode ser iniciado. O tratamento será composto por duas fases combinadas entre si: mudança comportamental e enriquecimento ambiental.
Na mudança comportamental, a independência e obediência do cão devem ser incentivadas. Uma opção é deixá-lo comer sozinho em um cômodo ou que ele brinque sem ninguém. Sendo assim, ele saberá fazer essas coisas enquanto o tutor estiver fora. O ponto principal é ensinar o cão a tolerar a ausência do tutor, aos poucos, gradualmente, com saídas rápidas, aumentando o tempo fora com pequenos intervalos. No seu retorno, o tutor não deve dar atenção excessiva ao cão, pois esse comportamento só o estaria reforçando negativamente. Nessa repetição podem ser trabalhado outros gatilhos, como se calçar, pegar as chaves e mexer na maçaneta.
Tudo isso pode ser feito sem que ninguém saia de casa. Enquanto o cão permanecer excitado, o tutor deve ignorá-lo, até que ele se acalme e só nesse momento, interagir. Além disso, é importante deixar claro que castigar o cão por reincidências ou por comportamentos realizados durante a ausência do tutor não tem nenhum efeito positivo, pois o cão não vai entender o motivo do castigo.
Com o enriquecimento ambiental, o objetivo é oferecer brinquedos para entreter o cão enquanto ele está sozinho, como aqueles brinquedos para esconder comida ou objetos para morder.
Os mais indicados são aqueles que estimulam seus instintos naturais, como os brinquedos de morder feitos de nylon. Eles podem ter diferentes texturas e tamanhos, são muito resistentes e não oferecem nenhum risco à segurança do cão.
É bom que, de vez em quando, os brinquedos sejam trocados (em sistema de rodízio) para que assim sempre tenha alguma novidade disponível. Outra opção é deixar uma peça de roupa do tutor e manter rádio ligado, pois isso diminui a sensação de solidão.
Uma curiosidade é que o comportamento destrutivo geralmente é devido ao fato de o cão aproveitar o momento da ausência do seu tutor para brincar e desenvolver condutas exploratórias normais nele, pois é castigado quando as realiza na frente do tutor. Uma boa opção para saber se o cão possa ter um problema de ansiedade por separação, é filmá-lo quando estiver sozinho em casa.
Lembrando que a prevenção sempre será a melhor opção! Ações simples podem impactar diretamente no bem estar e qualidade de vida do seu cão.
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